Arriscar é Viver
Não arriscar é perder a vida..."
Há almas que têm as dores secretas
Ó anjo da loura trança,
Não suspirem mais, mulheres, não suspirem mais,
Os homens sempre foram enganadores,
Um pé no mar, e outro, na margem,
Nunca constantes em coisa alguma:
Então, não suspirem, mas deixem-os ir,
E vocês, se mantenham alegres e belas,
Convertendo todos os seus lamentos
Em canções de alegria.
Não cantem mais versos breves e simples, não os cantem mais,
Sobre enganos tão obtusos e pesados;
A farsa dos homens sempre aconteceu,
Desde o início de cada frondoso verão:
Então, não suspirem mais.
William Shakespeare, canção de "Muito Barulho Por Nada"
(Traduzido por Antonio Alexandre de Lima)
And be you blithe and bonny,
Converting all your sounds of woe
Into Hey nonny, nonny.
Sing no more ditties, sing no more,
Of dumps so dull and heavy;
The fraud of men was ever so,
Since summer first was leafy:
Then sigh not so.
William Shakespeare, “Much Ado About Nothing”
A vida tem sons que pra gente ouvir
Precisa entender que um amor de verdade
É feito canção qualquer coisa assim
Que tem seu começo, seu meio e seu fim
A vida tem sons que pra gente ouvir
Precisa aprender a começar de novo
É como tocar o mesmo violão
E nele compor uma nova canção
Que fale de amor
Que faça chorar
Que toque mais forte esse meu coração
Ah! Coração
Se apronta pra recomeçar
Ah! Coração
Esquece esse medo de amar de novo
O medo de amar é o medo de ser
Hoje é domingo
O negócio aconteceu num café. Tinha uma porção de sujeitos, sentados nesse café, tomando umas e outras. Havia brasileiros, portugueses, franceses, argelinos, alemães, o diabo.
De repente, um alemão, forte pra cachorro, levantou e gritou que não via homem pra ele ali dentro. Houve a surpresa inicial, motivada pela provocação e logo o turco, tão forte como o alemão, levantou-se de lá e perguntou:
-Isso é comigo?
-Pode ser com você também – respondeu o alemão.
Aí então o turco avançou para o alemão e levou uma traulitada tão segura que caiu no chão. Vai daí o alemão repetiu que não havia homem ali pra ele. Queimou-se então um português que era maior ainda do que o turco. Queimou-se e não conversou. Partiu para cima do alemão e não teve outra sorte. Levou um murro por debaixo do queixo e caiu sem sentidos.
O alemão limpou as mãos, deu mais um gole no chope e fez ver aos presentes que o que dizia era certo. Não havia homem para ele ali naquele café. Levantou-se então um inglês troncudo pra cachorro e também entrou bem. E depois do inglês foi a vez do francês, depois um norueguês, etc... Até que, lá do canto do café, levantou-se um brasileiro magrinho, cheio de picardia para perguntar, como os outros:
-Isso é comigo?
O alemão voltou a dizer que podia ser. Então o brasileiro deu um sorriso cheio de bossa e veio vindo gingando assim pro lado do alemão. Parou perto, balançou o corpo e... Pimba! O alemão deu-lhe uma na cabeça com tanta força que quase desmonta o brasileiro.
Como, minha senhora? Qual é o fim da história? Pois a história termina aí, madama.
Termina aí que é pros brasileiros perderem essa mania de pisar macio e pensar que são mais malandros do que os outros.
Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo do jornalista e cronista carioca Sérgio Porto (11/1/1923 - 29/9/1968)
A linguagem
O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
"Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos".
Pablo Neruda (1904-1973), poeta chileno, pseudônimo de Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto
MORALIZA O POETA NOS
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Gregório de Mattos Guerra
DE L'INSTABILITÉ DES
CHOSES DE CE MONDE
Le Soleil point, mais ne brille pas plus d'un jour,
La lumière bientôt se masque en nuit obscure,
L'ombre triste s'étend quand meurt la clarté pure,
Tout comme la joie cède aux chagrins longs et lourds
Pourquoi s'est-il levé pour un instant si court,
Le Soleil? C'est à peine si son éclat dure.
Comment, Beauté, toi aussi tu te défigures?
Le plaisir de souffrir serait-il un recours?
Le Soleil lumineux manque de fermeté.
La beauté nie aussi toute persévérance,
Et la tristesse prend racine en la gaîté.
La science, un jour, naquit du sein de l'ignorance,
C'est un bien que la loi de nature a dicté:
La puissance du Monde est faite d'inconstance.
LORRAINE, Bernard -Poèmes du Brésil.
Saint-Amand, Éditions Ouvrières
Eu te nomeei rainha.
Do louvor, com que espanto, sob a capa
Vejo tanta dobrez, ludíbrio tanto!
E o pranto em olhos vejo, com que espanto,
Que escarnecem dos mais, rindo à socapa!
Porque, desde que esse ódio atroz me veio,
Só traições vejo em cada olhar venusto?
Perfídias só em cada humano seio?
Acaso as almas poderei sem custo
Ver, perspícuo e melhor, só quando odeio?
E é preciso odiar para ser justo?!
(Versos e versões, 1887.)
No último andar é mais bonito:
Os bons vi sempre passar
- Xi, Gaetaninho, como é bom!
Amor é fogo que arde sem se ver;
Quando Lisetta subiu no bonde (o condutor ajudou) viu logo o urso. Felpudo, felpudo. E amarelo. Tão engraçadinho.
Alma minha gentil, que te partiste